segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Quando não é não

Que consistência é uma das palavras-chave da educação ninguém discute. Até porque consistência anda lado a lado com o conceito de rotina, né? Mas falar sobre a paternidade acidental da Tracy Hogg me levou a pensar na firmeza das ordens que damos. Quando dizemos não, tem que significar não! Não pode ser aquele não mais ou menos, que com três gritos e cinco lágrimas logo vira um sim. É difícil? Sim! Até o momento, talvez seja a parte mais difícil da maternidade que já enfrentei. Mas é fundamental.

Esse assunto me lembra muito a minha mãe. Quando eu pedia alguma coisa e ela dizia não, eu nem insistia. Era não e ponto! Tem quem não goste disso, que ache que é preciso haver diálogo, argumentos e convencimento. Sinceramente, não acho. Acho que, antes de mais, é preciso valorizar os nãos. Minha mãe não dizia não para tudo. Na verdade, não dizia não para quase nada. Então, quando era não, eu nem discutia. Sabia que ela tinha deixado isso e aquilo na semana anterior. E, com sinceridade, ela sempre tinha razão mesmo. Se não podia, tinha um motivo, não era só porque ela não queria. Eu sabia que a palavra final era dela.

Semana passada, Marina arranhou o pai. Dani queria ajudá-la a calçar o sapato, que ela insistia em botar no pé errado. Ela se irritou e virou a unha na cara dele. Repreendemos. Ela começou a chorar. E não parou. Eu disse que tinha que pedir desculpas para o papai, que não pode bater. Ela chorava e dizia que não. E chorava, chorava, chorava. Chorou muito, se jogou no chão. Durante todo esse tempo, eu conversei, perdi a paciência, conversei de novo, perdi a paciência de novo, quase desisti e fui embora com ela, voltei atrás. E nada de ela pedir desculpas ou parar de chorar. Queria colo, queria chupeta, queria água. Ok, mas antes teria que pedir desculpas. Foi difícil, bem difícil, mas fiquei firme. No fim, deu abraço e beijo nele e balbuciou um pedido de desculpas. Aí, me pediu um beijo. Eu disse que não, que estava brava. Nessa hora, ela começou a chorar de novo, sentida, me pediu só um beijinho e pediu desculpa em alto em bom e som, vindo me dar um abraço. Pronto, história com final feliz!

Se tivéssemos deixado passar ela teria aprendido que pode bater? Acho que não. Tendo feito isso, significa que ela nunca mais vai bater? Também acho que não. Mas, de vez em quando, temos que ser firmes, mostrar que a palavra final é do pai ou da mãe, e não da criança. Não podemos nos deixar vencer pelo choro. Se eu disse que tinha que pedir desculpa, tinha que pedir desculpa e ponto!

Nenhum comentário:

Postar um comentário