quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A alimentação, um resumão

Outro dia, recebi um email de uma mãe da yoga, que está começando a dar papinha para o filho, pedindo dicas sobre alimentação. Fui responder e mega me empolguei. Escrevi um testamento daqueles dignos de pedir desculpas, mas nem pedi... Depois de tanto escrever, até esqueci.

Como não podia desperdiçar, aí vai!


Esse momento da papinha, quando dá certo, é incrível. E, quando não dá, é uma das maiores angústias da vida. (Junto com outras milhares que virão, claro!)

Vou contar um pouco sobre a minha experiência e espero que te ajude.

No início, aqui em casa, foi bem difícil. Comecei com suco de frutas (moleza!) no lanche da manhã e as frutinhas no lanche da tarde. Por azar, uma das primeiras frutas que dei foi uma banana que não estava muito boa, tinha muita cica. E foi boca fechada, daquelas de contrair o lábio. As demais frutas também foram complicadinhas, mais da metade para fora, sem nunca saber se tinha entrado o suficiente, se ela estava satisfeita, se o choro era de fome ou de pura e simples insatisfação por não estar recebendo o leitinho já tão costumeiro. (Repare que nunca fui adepta de complementar a refeição com leite. Acho que, se ela estiver com fome, vai comer a comida. Se não quiser a comida, é só esperar a próxima refeição. E Heil, Hitler!)

Quando a fruta começou a descer melhor (o que levou mais ou menos um mês), entrei com o almoço. Nova batalha. Do prato cheio de comida, sobrava mais da metade. Eu não sabia se a quantidade que tinha servido era muita ou se ela estava comendo pouco. Mais angústias e mais nervosismo, claro! Aos poucos, também melhorou. E, passado mais um mês, agora também temos o jantar.

Então, depois de quase dois meses de papinhas, estamos com o seguinte resultado: pratos raspados, boca aberta e choro de quero mais!

Agora, suei a camisa para chegar ao sucesso! Não foi que nem a Paola, que mostrou a colher e o Dany já sabia exatamente o que fazer com ela.

Para dar certo, algumas coisas foram fundamentais. O cadeirão foi uma delas! Minha casa é pequena e sempre achei que o cadeirão fosse um trambolho, e é. Achei que pudesse não comprar, dar de comer no bumbo, no carrinho, enfim. Mas não dá. O cadeirão se tornou um item indispensável para mim!

Paciência também é indispensável. Sei que isso é clichê, mas, no início, eu ficava muito nervosa e estressada e, impreterivelmente, dava errado. Aí vinha meu marido, todo lindo e cheiroso, sorrindo e brincando, dando uma colherada atrás da outra, e fazendo a menina comer. Como pode? Tranquilidade! Pode parecer besteira, mas, nesses seis meses, aprendi que o bebê percebe as vibrações da mãe e absorve tudo.

Uma dica de ouro que recebi da Paola foi deixar a colher na boca da Marina, em vez de fazer o aviãozinho basicão de botar e tirar. Com a colher na boca, eles fazem o movimento de sugar ao que já estão tão acostumados e, pluft!, a comida entra.

Não gosto de dar brinquedos ou ligar a TV na hora da comida. Acho que não devemos começar de uma maneira que não quero continuar. Então, quando meu marido está vendo TV na sala, viro o cadeirão de costas para a TV para a Marina comer. E não costumo deixar brinquedos no cadeirão durante a refeição. Também evito deixá-la no cadeirão se não for para comer, que nem a gente, que só se senta à mesa de jantar para comer!

O babador de plástico é super útil. Comprei um pequeno, mais curtinho, mas também com a bolsinha coletora, na Boy Toy, no Shopping da Gávea. Achei ótimo, bem melhor do que aquele babador-vestido, enorme, que vai até joelho...

E, quando a Marina tenta pegar a colher, normalmente eu deixo, mostrando para ela qual é o caminho certo. Sempre vai dedo na comida, depois no olho, no nariz. Fora a bagunça que fica no cadeirão, mas acho que vale a pena. Ela curte muito. No início, essa bagunça me angustiava a beça e tudo que eu queria era um babador-camisa de força. Hoje, entendo que faz parte do momento de aprender a comer. A sujeirada já é com as mãos, e não com a boca!

Por fim, sobre o preparo das comidas, gosto de fazer cada alimento em separado, em vez de fazer um sopão com tudo junto. Acho que, dessa maneira, você preserva a cor e o sabor individual de cada alimento, e a criança já vai começando a aprender isso desde pequenininha. Quando faço a carne, coloco para cozinhar numa panela com água e vou acrescentando os legumes picados, um de cada vez. Então, fiz a cenoura e a carne estava lá. Depois, faço a batata, e a carne continua lá. Termino com o brócolis e a carne continua lá. Bato tudo no mixer, que deixa uma consistência bem de purê mesmo, que nem o nosso. Findos os legumes, tiro a carne e também bato no mixer, com um pouco do caldo do cozimento. Aí, congelo a carne numa forminha de gelo com tampa. É só tirar os cubinhos um pouco antes do almoço. Essa carne dura bastante tempo, então sempre tenho que cozinhar mais legumes, sem a carne. Nesses casos, coloco várias ervas na água. Já usei manjericão, orégano fresco, tomilho, louro, sálvia. Meus próximos serão a salsinha e o coentro, bem mais ousados. Além dessas ervinhas, hoje foi o dia da ousadia mór! Coloquei um pouquinho de curry na batata! Vamos ver se ela gosta. Quando o prato já está pronto e quentinho, despejo um fio de azeite por cima.

Outra coisa: cozinho os legumes todos na mesma panela, na mesma água, mas não ao mesmo tempo. Assim, o último legume a entrar já pega o gosto dos dois que passaram por lá antes dele. Mesmo sem sal, acho que a comida fica bem saborosa. Além disso, depois da banana cicada, sempre provo e aprovo o que ela come.

Sobre a variedade, no início, a Marina passou uma semana inteira comendo a mesma coisa: batata, chuchu e cenoura! Bingo! Na segunda semana, mudamos para batata baroa, abóbora e abobrinha. E foi assim por mais uma semana. Agora que o cardápio dela já está mais variado, tento acrescentar apenas um alimento novo por vez. Mas já fomos de beterraba, espinafre, brócolis, aipim... Amanhã, vai ser o dia da ervilha! Depois de acrescentar os basicões iniciais, o bom de ir aos poucos é poder identificar o que deixa o intestino mais preso, ou causa alguma reação alérgica, ou simplesmente não é do agrado da criança. 

Sempre que eu acho que já terminei, lembro de mais uma coisa para falar! E olha que essa é super importante. É a questão da quantidade. Lembro que isso me angustiava desde o peito... Bem, já tinha ouvido que a quantidade de comida devia ser mais ou meses seis colheres de sopa, para crianças de seis meses, oito, para crianças de oito, e assim sucessivamente. Aqui em casa, isso nunca funcionou muito. Às vezes, eu botava as seis colheres e sobrava metade. Outras, acabava tudo. Outras ainda, acabava tudo e a Marina continua querendo mais. Resultado, agora ela come em torno de 200, 250 ml. Isso dá umas 10 colheres de sopa. Eu comecei medindo pela colher medidora, depois passei a usar um potinho de leite que tem medidas e agora já vou meio de olho. Mas, impreterivelmente, ela termina de boca aberta, querendo mais. Na hora da fruta é pior ainda. Aí eu não sigo essas medidas e dou uma fruta inteira (uma banana, uma maçã, um pêssego, etc.) Deve dar metade da quantidade do almoço, uns 100 ml. Quando a fruta acaba, a boca continua aberta e começa um chororo de dar dó. Ainda não sei como vou continuar, já que acho um absurdo um bebê lanchar duas bananas! Tenho dado uma aguinha para disfarçar e encher a pança.

E agora tenho começado a adotar o costume de dar água entre as refeições, coisa que eu não fazia antes. Ela nunca toma muito por vez, só uns 10ml.

Que nem a Dani disse, o livro da Patricia é ótimo e tem me inspirado bastante. Se chama "Aventuras Gastronômicas de uma Mãe de Primeira Viagem". Super recomendo!  

Espero ter ajudado!

(Ufa! E o email vira post!)

Beijo!

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