Como não podia desperdiçar, aí vai!
Esse momento da papinha, quando dá certo, é incrível. E, quando não dá, é uma das maiores angústias da vida. (Junto com outras milhares que virão, claro!)
Vou contar um pouco sobre a minha experiência e espero que te ajude.
No início, aqui em casa, foi bem difícil. Comecei com suco de frutas (moleza!) no lanche da manhã e as frutinhas no lanche da tarde. Por azar, uma das primeiras frutas que dei foi uma banana que não estava muito boa, tinha muita cica. E foi boca fechada, daquelas de contrair o lábio. As demais frutas também foram complicadinhas, mais da metade para fora, sem nunca saber se tinha entrado o suficiente, se ela estava satisfeita, se o choro era de fome ou de pura e simples insatisfação por não estar recebendo o leitinho já tão costumeiro. (Repare que nunca fui adepta de complementar a refeição com leite. Acho que, se ela estiver com fome, vai comer a comida. Se não quiser a comida, é só esperar a próxima refeição. E Heil, Hitler!)
Quando a fruta começou a descer melhor (o que levou mais ou menos um mês), entrei com o almoço. Nova batalha. Do prato cheio de comida, sobrava mais da metade. Eu não sabia se a quantidade que tinha servido era muita ou se ela estava comendo pouco. Mais angústias e mais nervosismo, claro! Aos poucos, também melhorou. E, passado mais um mês, agora também temos o jantar.
Então, depois de quase dois meses de papinhas, estamos com o seguinte resultado: pratos raspados, boca aberta e choro de quero mais!
Agora, suei a camisa para chegar ao sucesso! Não foi que nem a Paola, que mostrou a colher e o Dany já sabia exatamente o que fazer com ela.
Para dar certo, algumas coisas foram fundamentais. O cadeirão foi uma delas! Minha casa é pequena e sempre achei que o cadeirão fosse um trambolho, e é. Achei que pudesse não comprar, dar de comer no bumbo, no carrinho, enfim. Mas não dá. O cadeirão se tornou um item indispensável para mim!
Paciência também é indispensável. Sei que isso é clichê, mas, no início, eu ficava muito nervosa e estressada e, impreterivelmente, dava errado. Aí vinha meu marido, todo lindo e cheiroso, sorrindo e brincando, dando uma colherada atrás da outra, e fazendo a menina comer. Como pode? Tranquilidade! Pode parecer besteira, mas, nesses seis meses, aprendi que o bebê percebe as vibrações da mãe e absorve tudo.
Uma dica de ouro que recebi da Paola foi deixar a colher na boca da Marina, em vez de fazer o aviãozinho basicão de botar e tirar. Com a colher na boca, eles fazem o movimento de sugar ao que já estão tão acostumados e, pluft!, a comida entra.
Não gosto de dar brinquedos ou ligar a TV na hora da comida. Acho que não devemos começar de uma maneira que não quero continuar. Então, quando meu marido está vendo TV na sala, viro o cadeirão de costas para a TV para a Marina comer. E não costumo deixar brinquedos no cadeirão durante a refeição. Também evito deixá-la no cadeirão se não for para comer, que nem a gente, que só se senta à mesa de jantar para comer!
O babador de plástico é super útil. Comprei um pequeno, mais curtinho, mas também com a bolsinha coletora, na Boy Toy, no Shopping da Gávea. Achei ótimo, bem melhor do que aquele babador-vestido, enorme, que vai até joelho...
E, quando a Marina tenta pegar a colher, normalmente eu deixo, mostrando para ela qual é o caminho certo. Sempre vai dedo na comida, depois no olho, no nariz. Fora a bagunça que fica no cadeirão, mas acho que vale a pena. Ela curte muito. No início, essa bagunça me angustiava a beça e tudo que eu queria era um babador-camisa de força. Hoje, entendo que faz parte do momento de aprender a comer. A sujeirada já é com as mãos, e não com a boca!
Por fim, sobre o preparo das comidas, gosto de fazer cada alimento em separado, em vez de fazer um sopão com tudo junto. Acho que, dessa maneira, você preserva a cor e o sabor individual de cada alimento, e a criança já vai começando a aprender isso desde pequenininha. Quando faço a carne, coloco para cozinhar numa panela com água e vou acrescentando os legumes picados, um de cada vez. Então, fiz a cenoura e a carne estava lá. Depois, faço a batata, e a carne continua lá. Termino com o brócolis e a carne continua lá. Bato tudo no mixer, que deixa uma consistência bem de purê mesmo, que nem o nosso. Findos os legumes, tiro a carne e também bato no mixer, com um pouco do caldo do cozimento. Aí, congelo a carne numa forminha de gelo com tampa. É só tirar os cubinhos um pouco antes do almoço. Essa carne dura bastante tempo, então sempre tenho que cozinhar mais legumes, sem a carne. Nesses casos, coloco várias ervas na água. Já usei manjericão, orégano fresco, tomilho, louro, sálvia. Meus próximos serão a salsinha e o coentro, bem mais ousados. Além dessas ervinhas, hoje foi o dia da ousadia mór! Coloquei um pouquinho de curry na batata! Vamos ver se ela gosta. Quando o prato já está pronto e quentinho, despejo um fio de azeite por cima.
Outra coisa: cozinho os legumes todos na mesma panela, na mesma água, mas não ao mesmo tempo. Assim, o último legume a entrar já pega o gosto dos dois que passaram por lá antes dele. Mesmo sem sal, acho que a comida fica bem saborosa. Além disso, depois da banana cicada, sempre provo e aprovo o que ela come.
Sobre a variedade, no início, a Marina passou uma semana inteira comendo a mesma coisa: batata, chuchu e cenoura! Bingo! Na segunda semana, mudamos para batata baroa, abóbora e abobrinha. E foi assim por mais uma semana. Agora que o cardápio dela já está mais variado, tento acrescentar apenas um alimento novo por vez. Mas já fomos de beterraba, espinafre, brócolis, aipim... Amanhã, vai ser o dia da ervilha! Depois de acrescentar os basicões iniciais, o bom de ir aos poucos é poder identificar o que deixa o intestino mais preso, ou causa alguma reação alérgica, ou simplesmente não é do agrado da criança.
Sempre que eu acho que já terminei, lembro de mais uma coisa para falar! E olha que essa é super importante. É a questão da quantidade. Lembro que isso me angustiava desde o peito... Bem, já tinha ouvido que a quantidade de comida devia ser mais ou meses seis colheres de sopa, para crianças de seis meses, oito, para crianças de oito, e assim sucessivamente. Aqui em casa, isso nunca funcionou muito. Às vezes, eu botava as seis colheres e sobrava metade. Outras, acabava tudo. Outras ainda, acabava tudo e a Marina continua querendo mais. Resultado, agora ela come em torno de 200, 250 ml. Isso dá umas 10 colheres de sopa. Eu comecei medindo pela colher medidora, depois passei a usar um potinho de leite que tem medidas e agora já vou meio de olho. Mas, impreterivelmente, ela termina de boca aberta, querendo mais. Na hora da fruta é pior ainda. Aí eu não sigo essas medidas e dou uma fruta inteira (uma banana, uma maçã, um pêssego, etc.) Deve dar metade da quantidade do almoço, uns 100 ml. Quando a fruta acaba, a boca continua aberta e começa um chororo de dar dó. Ainda não sei como vou continuar, já que acho um absurdo um bebê lanchar duas bananas! Tenho dado uma aguinha para disfarçar e encher a pança.
E agora tenho começado a adotar o costume de dar água entre as refeições, coisa que eu não fazia antes. Ela nunca toma muito por vez, só uns 10ml.
Que nem a Dani disse, o livro da Patricia é ótimo e tem me inspirado bastante. Se chama "Aventuras Gastronômicas de uma Mãe de Primeira Viagem". Super recomendo!
Espero ter ajudado!
(Ufa! E o email vira post!)
Beijo!
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