quinta-feira, 26 de julho de 2012

Culpada eu?

Criada pela religião e alimentada pela sociedade, a culpa está aí para todo mundo, e eu também não escapei.

Ontem, estava assistindo ao primeiro episódio de uma série nova, sobre um casal com um bebê recém-nascido, Up all night. A série nem é tão boa, mas o episódio era sobre a volta ao trabalho da mãe, enquanto o pai fica em casa cuidando do bebê, decisão deles. Logo numa das primeiras cenas, ela diz que está morta de cansaço, que tem que trabalhar o dia todo e ainda chega em casa para cuidar do bebê. Ao que o marido responde, de cara: e você acha que cuidar de criança não dá trabalho? Bingo!

Por sorte a minha, o Dani nunca me disse nada parecido. Muito pelo contrário, ele diz justamente que não sabe como eu aguento, que deve ser tão ou mais difícil que o trabalho dele passar o dia todo cuidando de um bebê, em regime de dedicação exclusiva. E ele ainda é um dos maiores incentivadores do projeto babá.

Mas isso não significa que a culpa não me ronde por aí. Afinal de contas, ele passou o dia todo trabalhando, com vários assuntos estressantes na cabeça, vários clientes reclamões para atender e por aí vai. Enquanto isso, eu passei o dia todo em casa, sem sair, cuidando de um bebê, às vezes chorando, às vezes não. Então, ele chega de noite, mais tarde do que nós três gostaríamos, e eu, morta de cansaço, quero que ele, morto de cansaço, cuide do bebê para eu poder descansar um pouco. Fica a pergunta: é justo? É certo exigir que ele, depois de um dia mega estressante e cansativo, ainda chegue em casa e cuide de um bebezinho lindo, mas cheio de cólica?

E aí entra em cartaz a tão falada culpa. Porque eu acho que não, não é justo, mas também preciso de um tempinho, de um autus, de um intervalo na função mãe 24/7.

O pior é que não acabou. A maldita da culpa ainda é dupla! Além dessa primeira culpa, tem outra! A segunda culpa se deve ao fato de que eu estou sem trabalhar, sem produzir, sem ganhar dinheiro. Pode ser temporário, mas incomoda mesmo assim. Sabe a máxima "tudo que sobe tem que descer", "tudo que entra tem que sair". Pois é, comigo tem saído mesmo sem entrar. Na verdade, só tem saído, sem entrar. E dá-lhe culpa. E dá-lhe angústia...

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